A audição exerce um papel fundamental como via de acesso para o desenvolvimento da fala e linguagem, visto que é o sentido que propicia o contato entre a criança e o universo dos sons. O sistema auditivo é composto tanto por estruturas sensoriais quanto por conexões centrais.
O som, após ser detectado pela orelha interna, sofre inúmeros processos fisiológicos e cognitivos para que seja decodificado e compreendido. Estes mecanismos e processos do sistema auditivo central incluem habilidades como:
✓ lateralização e localização espacial do som
✓ compreensão da fala no ruído
✓ compreensão de uma mensagem, mesmo quando ela está
distorcida e fragmentada
✓ capacidade para eleger estímulos apresentados a uma orelha, ignorando informações apresentadas à orelha oposta e/ou reconhecer estímulos diferentes apresentados simultaneamente a ambas as orelhas;
✓ capacidade de discriminar e identificar pequenas mudanças
nos estímulos como diferenças de frequência, intensidade ou duração;
✓ capacidade de detectar e perceber modulações e intervalos mínimos em
uma sequência de sons.

Algumas pessoas têm dificuldade em realizar essas habilidades auditivas, mesmo apresentando limiares auditivos dentro dos padrões de normalidade. O fato de um indivíduo apresentar audição dentro da faixa de normalidade não significa que ele esteja apto para processar e interpretar adequadamente as informações verbais e não verbais as quais é exposto no dia-a-dia.
As manifestações mais comuns em crianças com risco para alteração das funções auditivas são:
➢ Dificuldades em manter a atenção;
➢ Trocas na fala e na escrita;
➢ Dificuldades na leitura e na ortografia;
➢ Dizem com frequência: “ah? ou “o que?”
➢ Histórico de respiração oral secundária a problemas respiratórios como alergias, sinusites, resfriados, adenóides hipertróficas;
➢ Histórico de flutuação da audição e perdas auditivas devido a otites de repetição;
➢ Dificuldade em ouvir no ambiente ruidoso;
➢ Dificuldade em memorizar o que foi dito;
➢ Dificuldade em entender piadas e palavras de duplo-sentido;
➢ Vocabulário pobre;
➢ Hiperatividade ou hipoatividade;
➢ Dificuldade em associar letras do alfabeto aos respectivos sons.

Nesses casos recomenda-se a avaliação de Processamento Auditivo Central que é definida como a eficiência e à efetividade com que o sistema nervoso auditivo central utiliza a informação auditiva.
A avaliação do Processamento Auditivo Central é realizada a partir de 6 anos, sendo um exame indolor realizado em cabina acústica em uma ou duas sessões que irá identificar a integridade das funções auditivas responsáveis pela compreensão.